Mensagens obtidas pela Folha de S.Paulo revelam que o ministro Alexandre de Moraes, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), direcionou investigações sobre o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). As comunicações indicam que Moraes ordenou uma apuração envolvendo Bolsonaro e Fernando Cerimedo, um argentino acusado de espalhar desinformação sobre fraudes eleitorais.
As mensagens mostram que o juiz auxiliar de Moraes no TSE, Marco Antônio Vargas, repassou as instruções para Eduardo Tagliaferro, então chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED) do TSE. Cerimedo havia sido investigado por alegações de que certos modelos de urnas eleitorais, nas quais Luiz Inácio Lula da Silva teria recebido mais votos, não teriam passado por testes de segurança adequados.
Em uma troca de mensagens datada de 4 de novembro, Vargas informou Tagliaferro sobre o interesse de Moraes em estabelecer uma conexão entre Cerimedo e Bolsonaro. Tagliaferro então mencionou um vídeo de Bolsonaro exibindo uma bandeira de um jornal que promoveu as teorias de Cerimedo, sugerindo que isso poderia estabelecer uma ligação relevante. Em resposta, Vargas mostrou aprovação pela descoberta.
Nos dias seguintes, Tagliaferro reportou a Vargas que Cerimedo e Bolsonaro mantinham uma amizade de longa data. Em um tom informal, o chefe da AEED comentou que prender Bolsonaro poderia causar um “colapso” no Brasil, e Vargas referiu-se a Bolsonaro como “bandido”. Tagliaferro posteriormente enviou um relatório detalhado, intitulado “TSE – Relatório – Análise Manifestações Antidemocráticas Fernando Cerimedo”, que continha provas visuais da conexão entre Cerimedo e Bolsonaro. O relatório indicava que eles se conheciam há muitos anos.
A troca de mensagens também revelou possíveis ordens de Moraes para ações contra sites e contas associados às alegações de Cerimedo. Vargas orientou Tagliaferro sobre bloqueios e a necessidade de informar a Procuradoria Geral da República (PGR) sobre essas ações.
Não está claro quais medidas foram efetivamente tomadas por Moraes após o envio do relatório. As mensagens fornecem uma visão detalhada das investigações e das ações potencialmente planejadas, mas o impacto e as decisões finais ainda permanecem não divulgados.