Com mais de 99% das urnas apuradas, a coligação de centro-direita Aliança Democrática (AD), liderada pelo primeiro-ministro Luís Montenegro, foi a grande vencedora das eleições legislativas realizadas neste domingo (18) em Portugal. A AD conquistou 32,7% dos votos, enquanto Partido Socialista (PS) e o partido de extrema-direita Chega empataram em segundo lugar, com cerca de 23% cada.
Este resultado representa uma dura derrota para os socialistas, que obtiveram o pior desempenho desde a década de 1980. Diante do revés, o líder do PS, Pedro Nuno Santos, anunciou que deixará a liderança do partido, reconhecendo “tempos duros e difíceis para a esquerda”.
Por outro lado, o crescimento do Chega, liderado por André Ventura, foi motivo de comemoração. O partido emergiu como uma das segundas maiores forças políticas de Portugal, dividindo espaço com o PS. Ventura celebrou o fim do bipartidarismo: “Obrigado por acreditarem que era possível quebrar 50 anos de um sistema político sempre igual”.
Os resultados indicam um parlamento fragmentado:
- AD: 89 assentos
- PS: 58
- Chega: 58
- Iniciativa Liberal: 9
- Livre: 6
- CDU: 3
- JPP: 1
- PAN: 1
- Bloco de Esquerda: 1
Montenegro promete governo para “todos” e sinaliza mudanças na imigração em Portugal
Em discurso na madrugada desta segunda-feira (19), em Lisboa, o primeiro-ministro Luís Montenegro celebrou a vitória da Aliança Democrática (AD) nas eleições legislativas portuguesas e prometeu um governo voltado ao crescimento econômico e à justiça social. “Vamos criar mais riqueza para combater a pobreza e garantir prosperidade”, afirmou o premiê, diante de apoiadores.
Montenegro também defendeu maior regulação da imigração, um dos pontos centrais do programa da AD, ainda que de forma mais moderada que o partido de extrema-direita Chega. Entre as propostas está o aumento do tempo mínimo de residência para solicitação da cidadania portuguesa de cinco para até dez anos, medida que pode afetar diretamente os mais de 500 mil brasileiros que vivem em Portugal.
O novo governo terá de negociar alianças para garantir maioria parlamentar, já que nenhum partido obteve maioria absoluta. Esta foi a terceira eleição legislativa em três anos, reflexo de uma crise política contínua no país, marcada pela renúncia de António Costa (PS) em 2023 e pela queda do próprio governo Montenegro em março de 2025.
Apesar da instabilidade, a eleição teve uma das menores taxas de abstenção em 30 anos: cerca de 35%, frente aos 40% registrados no ano passado.