No pico do processo, organizações reuniram aproximadamente 8 milhões de filiados e passaram a receber mais de R$ 300 milhões por mês em recursos. A adoção da biometria conteve a expansão de novas deduções.
Grupos voltados a aposentados e beneficiários da Previdência Social ampliaram em 2,5 vezes a incidência de abatimentos sobre os rendimentos pagos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). As informações foram obtidas junto ao próprio instituto por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI).
Além disso, os montantes financeiros repassados aumentaram 6,5 vezes no mesmo intervalo de tempo.
Uma apuração conduzida pela Polícia Federal (PF) e pela Controladoria-Geral da União (CGU), iniciada no mês passado, apontou que, pelo menos desde 2019, entidades associadas ao INSS realizavam descontos nos proventos de aposentados e pensionistas — sob o pretexto de prestação de serviços — sem o consentimento dos titulares dos benefícios.
Segundo a PF, o esquema pode ter provocado um desvio de até R$ 6 bilhões.
Em resposta ao pedido via LAI, o INSS informou que possui registros de deduções somente a partir de março de 2020, e não desde o início da prática, que remonta pelo menos a 2014.
No início da série estatística, em março de 2020, as organizações já somavam 2 milhões de favorecidos com descontos. Desses, três em cada quatro (75%) estavam vinculados à Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais, Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag), que contava com 1,5 milhão de integrantes.
Com o passar do tempo, os números aumentaram progressivamente até que, em abril de 2024, o total de deduções realizadas pelas entidades atingisse quase 8 milhões de pessoas.
Até a tarde da última segunda-feira (19), o INSS informou que 1,6 milhão de beneficiários já haviam solicitado a devolução dos valores retirados indevidamente de suas aposentadorias e pensões.