A sensação de que o chocolate vendido pela grande indústria no Brasil piorou está na boca do povo e nas redes sociais.
A chegada da Páscoa deu novo fôlego às queixas dos consumidores, que se lamentam do sabor e dos preços dos ovos.
Segundo especialistas ouvidas pela BBC News Brasil, a perceção de que o chocolate vendido em larga escala no país hoje ‘é pura gordura e açúcar’ faz sentido e reflete fatores como a baixa qualidade do cacau utilizado e alterações nas composições dos produtos para reduzir custos ao longo de décadas.
As especialistas ouvidas também alertam que o cenário tem vindo a agravar-se com a subida abrupta do preço do cacau nos últimos dois anos
. O valor da matéria-prima chegou a quadruplicar, atingindo o recorde de mais de 10 mil dólares por tonelada, sob o impacto de quebras de safra na África Ocidental, a maior região produtora do mundo, devido a questões climáticas e pragas.
“Outro alvo de controvérsia é o aumento dos produtos ‘sabor chocolate’, que contêm menos de 25% de cacau na composição.
Queixas sobre a recente alteração na fórmula do Choco Biscuit, da Bauducco, viralizaram na passagem de ano.
antes era composto por um biscoito com cobertura de chocolate de leite ou meio amargo, passou a ser feito com cobertura ‘sabor chocolate de leite’ ou ‘sabor chocolate meio amargo’.
A alteração do nome indica que a cobertura deixou de ter na sua composição o mínimo de 25% de cacau exigido pela legislação brasileira para um produto ser designado como chocolate — percentagem já baixa para padrões internacionais, segundo especialistas entrevistadas.
Na União Europeia, onde as regras são mais rigorosas, o mínimo exigido é de 35% para chocolate em geral, e de 30% para chocolate de leite.