30 de abril de 2025, Castelo de Paiva, Portugal – Um apagão de proporções históricas atingiu Portugal, Espanha, Andorra e partes do sul de França na segunda-feira, 28 de abril de 2025, deixando milhões de pessoas sem eletricidade e causando disrupções em transportes, comunicações e serviços essenciais. Em Castelo de Paiva, a interrupção, iniciada por volta das 11h30, afetou o quotidiano, com falhas no abastecimento de água e comunicações. Até esta quarta-feira, 30 de abril, a energia foi quase totalmente restabelecida em Portugal, mas as causas do incidente continuam sob investigação. Este artigo atualiza a situação com base nas informações mais recentes e depoimentos de representantes oficiais.
O impacto do apagão
O apagão paralisou Portugal continental, afetando desde o Algarve ao Minho. Em Lisboa, o metro encerrou, os semáforos desligaram-se, causando engarrafamentos, e o Aeroporto Humberto Delgado cancelou cerca de 30% dos voos, com 96 partidas suspensas. No Porto e em Faro, aeroportos operaram com geradores, mas com limitações. Hospitais ativaram planos de emergência, recorrendo a geradores, enquanto farmácias e supermercados suspenderam atividades. A EPAL alertou para interrupções no abastecimento de água, um problema sentido em Castelo de Paiva, onde bombas elétricas pararam após 11 horas. As redes móveis sofreram falhas, limitando chamadas e dados, o que reforçou a procura local por soluções como carregadores solares para telemóveis.
Em Espanha, o cenário foi semelhante, com Madrid, Barcelona, Sevilha e outras regiões afetadas. O torneio de ténis Madrid Open foi interrompido, e a Renfe suspendeu comboios, com mais de 35.000 passageiros resgatados. Dados da Red Eléctrica Espanhola indicam uma queda abrupta no consumo às 12h25, de 27.500 MW para 15.000 MW, sugerindo uma falha em cascata.
Causas ainda por apurar
As autoridades portuguesas e espanholas continuam a investigar as causas, com várias hipóteses em análise:
- Falha na rede elétrica europeia:
- A Redes Energéticas Nacionais (REN) e a Red Eléctrica apontam uma “oscilação significativa” na rede elétrica europeia, possivelmente originada em linhas de alta tensão na Espanha. O primeiro-ministro português, Luís Montenegro, afirmou que o problema “não teve origem em Portugal”, enquanto o espanhol Pedro Sánchez descreveu-o como uma “forte oscilação” na rede.
- Eduardo Prieto, chefe de operações da REN, sugeriu que uma desconexão na interligação entre as redes de Espanha e França poderá ter desencadeado o colapso, causando um desequilíbrio que afetou a Península Ibérica.
- Incêndio rural como possível gatilho:
- Relatórios indicam que um incêndio rural, potenciado por temperaturas elevadas e secas prolongadas, poderá ter danificado infraestruturas elétricas na Espanha, como linhas de 400 kV, levando a uma falha em cadeia. Esta hipótese ganha força devido às condições climatéricas adversas na região.
- Ciberataque descartado:
- Inicialmente, o ministro da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, admitiu a possibilidade de um ciberataque, mas esta foi descartada pelo Centro Nacional de Cibersegurança, pela Comissão Europeia e pela ENISA. O presidente do Conselho Europeu, António Costa, reforçou que “não há indícios” de atividade maliciosa.
- Fenómeno atmosférico desmentido:
- Uma declaração inicial da REN, que apontava um “fenómeno atmosférico raro” causado por variações de temperatura na Espanha, foi desmentida. A empresa esclareceu que a informação causou “confusão” e que a causa real está sob análise.
Depoimentos oficiais
- Luís Montenegro, primeiro-ministro de Portugal: “O fornecimento está praticamente normalizado, com 95% da população reabastecida. As escolas reabriram e a distribuição de bens essenciais está assegurada. Apelamos a um consumo moderado enquanto a rede estabiliza.”
- Pedro Sánchez, primeiro-ministro da Espanha: “Estamos a trabalhar para esclarecer as causas e garantir que tal não se repita. A reposição da energia atingiu 90% do território, mas algumas áreas rurais podem demorar dias.”
- António Costa, presidente do Conselho Europeu: “Não há evidências de ciberataque. A Comissão Europeia está a colaborar com Portugal e Espanha para avaliar o impacto e prevenir futuros incidentes.”
- António Leitão Amaro, ministro da Presidência: “A falha parece ter origem na rede espanhola, mas as investigações prosseguem. Portugal foi mais rápido a repor a energia, com todas as subestações em funcionamento.”
- Eduardo Prieto, REN: “A rede está estabilizada, mas a reposição exigiu cautela para evitar novos desequilíbrios. A desconexão da interligação europeia foi o ponto de partida.”
Restauração da energia
Até 30 de abril:
- Portugal: A REN anunciou que todas as 424 subestações estão operacionais, abastecendo 6,2 milhões de clientes. Às 00h00 de terça-feira, 29 de abril, 95% da população tinha energia, com Lisboa, Porto, Coimbra e Algarve normalizados. Áreas rurais, como Castelo de Paiva, recuperaram luz na noite de terça-feira.
- Espanha: Cerca de 90% do fornecimento foi restabelecido, com Madrid, Catalunha, Andaluzia e Extremadura quase normalizadas. A Red Eléctrica estima que zonas rurais podem demorar até 4 de maio para recuperação total.
- França e Andorra: Os cortes foram breves, com energia restabelecida em horas.
A Vodafone e a Meo confirmaram a recuperação das redes móveis, com pequenas perturbações residuais. A EPAL e as Águas da Região de Aveiro suspenderam alertas sobre consumo de água, mas pedem uso consciente.
Resposta das autoridades
- Portugal: O Conselho de Ministros reuniu-se em emergência na segunda-feira, criando uma força-tarefa para apoiar hospitais, bombeiros e cadeias de distribuição. As Forças Armadas foram mobilizadas para garantir combustíveis a infraestruturas críticas. Montenegro anunciou que as escolas reabriram na terça-feira, e a Assembleia da República recebeu os grupos parlamentares para um ponto de situação.
- Espanha: O estado de emergência foi decretado em Madrid, Andaluzia e Extremadura, com 30.000 polícias mobilizados. Sánchez apelou a chamadas telefónicas breves para preservar comunicações de emergência.
- Combate à desinformação: Rumores sobre “ciberataques russos” ou fenómenos astronómicos foram desmentidos. A REN e a E-Redes alertaram para notícias falsas, incluindo uma suposta publicação da CNN.
Lições para Castelo de Paiva
Em Castelo de Paiva, o apagão sublinhou a vulnerabilidade de áreas rurais, onde a paragem de bombas de água e falhas nas comunicações dificultaram a resposta. Residentes com painéis solares fixos (ex.: sistemas de 7,2 kW) não os puderam usar devido à ausência de baterias ou configuração off-grid. A solidariedade local foi essencial, com partilha de recursos como carregadores solares. Recomendações incluem:
- Carregador solar para telemóveis: Modelos como o BLAVOR 10.000 mAh (~30-50 €) garantem 2-3 cargas diárias, cruciais para comunicações.
- Gerador a gasolina: Um modelo de 5 kW (~1.000-1.500 €) supre 7,8 kWh/dia de aparelhos essenciais (geladeira, bomba, luzes).
- Preparação futura: Investir em baterias de 10 kWh (~5.000-9.000 €) para painéis solares pode assegurar autonomia em apagões.
O apagão de 28 de abril de 2025 revelou a fragilidade da rede elétrica ibérica, com impactos profundos em Portugal e Espanha. A energia foi quase totalmente restabelecida, mas as causas – possivelmente uma falha em linhas de alta tensão na Espanha, potencialmente ligada a um incêndio rural – ainda não foram confirmadas. Em Castelo de Paiva, a recuperação foi concluída, mas o incidente reforça a importância de soluções como carregadores solares e geradores. As autoridades apelam à calma e prometem atualizações à medida que as investigações avançarem, enquanto a sociedade reflete sobre a necessidade de infraestruturas mais resilientes.