O primeiro-ministro francês, Jean Castex, anunciou um novo lockdown de um mês em 16 áreas do país, incluindo Paris e seus subúrbios, para combater “o que aparenta ser uma terceira onda” da epidemia de coronavírus. O comércio não essencial ficará fechado nas próximas quatro semanas, à exceção de livrarias. Mas as escolas permanecem abertas, com algumas restrições nas classes do ensino médio. As medidas entraram em vigor à meia-noite de sexta-feira (19).
Ao todo, 21 milhões de franceses são afetados pelas medidas adicionais que buscam frear o avanço da pandemia. Os habitantes dos 16 departamentos administrativos franceses afetados pelo lockdown estão proibidos de viajar para outras áreas do território nas próximas quatro semanas. Eles só poderão circular em um raio de 10 quilômetros de distância do domicílio, sem limite de tempo. Mas, quando saírem de casa, terão de preencher um atestado para notificar a razão do deslocamento. Parques e jardins ficarão abertos, o que não aconteceu durante o primeiro confinamento, em março do ano passado.
O toque de recolher nacional é mantido diariamente de 19h às 6h, e não mais às 18h, devido à mudança próxima para o horário de verão (os relógios serão adiantados em 1h no último fim de semana de março). As empresas terão de respeitar quatro dias de home office para todos os empregados de setores não essenciais.
Em uma semana, a França registrou um aumento de 23,6% de novos casos da covid-19, o que indica uma clara aceleração da epidemia, provocada principalmente pela variante inglesa do coronavírus, responsável por 70% das contaminações.
Em Île-de-France, onde fica a capital, o número de casos positivos ultrapassou o patamar de 425 por 100 mil habitantes, enquanto na região norte do país, já submetida há várias semanas a um confinamento nos fins de semana, essa taxa de incidência permanece elevada, com cerca de 380 casos por 100 mil habitantes. Outros departamentos atingidos pelas medidas são Alpes-Maritimes (sul), Eure e Seine-Maritime, ambos na região da Normandia.
Sobrecarga
Na quarta-feira (16), a França tinha 4.269 pacientes hospitalizados na UTI em consequência da covid-19. A sobrecarga nos hospitais é particularmente preocupante na região parisiense, onde os leitos de UTI estão praticamente esgotados, com mais de 1.200 doentes internados com a forma grave da infecção viral.
“A pressão sobre os hospitais é muito forte, era indispensável tomar essas medidas para frear a epidemia”, declarou o primeiro-ministro. Cerca de 35 mil novos casos da doença foram registrados nas últimas 24 horas e o país se aproxima da triste marca de 100 mil mortes.
Vacinação retomada
Castex anunciou que a França irá retomar nesta sexta-feira (19) a campanha de vacinação com o produto da AstraZeneca/Oxford, após o sinal verde dado nesta tarde pela Agência Europeia de Medicamentos. Para dar o exemplo sobre a segurança do imunizante, Castex, que tem 55 anos e não faz parte ainda do grupo prioritário de vacinação, anunciou que irá tomar a vacina do laboratório anglo-sueco amanhã, diante das câmeras de televisão. A Alemanha também anunciou que retomará amanhã a campanha de vacinação; a Espanha na semana que vem.
Fonte: Rádio França Internacional