Um dos episódios mais marcantes da boas-vindas foi quando a orquestra militar chinesa executou a melodia “Andar com Fé”, de Gilberto Gil, em tributo ao chefe de Estado brasileiro. A escolha da obra musical foi interpretada como uma maneira de fortalecer os vínculos culturais entre os dois governos. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi acolhido nesta terça-feira (13) pelo presidente chinês, Xi Jinping, no Salão Principal do Povo, em Pequim, em uma solenidade marcada por elementos simbólicos e demonstrações de respeito. Ao chegar ao edifício, Lula atravessou a praça ao lado de Xi, enquanto alunos chineses agitavam adereços coloridos em celebração à presença dos chefes de governo.
Um dos episódios mais marcantes da boas-vindas foi quando a orquestra militar chinesa executou a melodia “Andar com Fé”, de Gilberto Gil, em tributo ao chefe de Estado brasileiro. A escolha da obra musical foi interpretada como uma maneira de fortalecer os vínculos culturais entre os dois governos.
Esta não foi a primeira ocasião em que Lula foi acolhido com repertório nacional na China. Em 2023, pouco após reassumir a liderança do país, o dirigente brasileiro encontrou-se com Xi ao som de “Novo Tempo”, de Ivan Lins.
Relação Brasil-China em evidência
Durante o diálogo, Lula afirmou que a ligação entre Brasil e China “nunca foi tão essencial”, especialmente diante do cenário mundial de instabilidades e tensões comerciais. O presidente brasileiro ressaltou que as disputas financeiras internacionais não têm vencedores e que é fundamental promover um intercâmbio justo e equilibrado.
“Conflitos comerciais não têm vencedores. Eles elevam os custos, enfraquecem as atividades produtivas e reduzem a capacidade de consumo dos mais vulneráveis em todos os lugares”, disse Lula.
Ele defendeu que Brasil e China unam suas manifestações contra o isolacionismo e o protecionismo, buscando reforçar as normas da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Xi Jinping reforça união estratégica
O presidente chinês, Xi Jinping, também destacou a relevância da colaboração com o Brasil, classificando-a como decisiva para enfrentar os obstáculos globais. Xi criticou os impasses econômicos e defendeu o intercâmbio internacional como ferramenta para o crescimento conjunto.
“China e Brasil vão defender juntos o intercâmbio internacional e o modelo multilateral“, declarou o dirigente chinês.
Ele também mencionou o posicionamento unificado dos dois países para promover uma resolução diplomática para o conflito na Ucrânia.
Compromissos econômicos e aportes
Na mesma ocasião, Brasil e China assinaram 20 entendimentos e pactos, abrangendo campos como produção agrícola, ciência espacial, pesquisa tecnológica e obras estruturais. Além disso, foi anunciado que a China destinará cerca de R$ 27 bilhões ao Brasil, com prioridade para áreas como energia sustentável, extração mineral e fabricação de veículos.
Entre os projetos anunciados, destacam-se os R$ 6 bilhões da GAC para ampliação no Brasil, R$ 5 bilhões da Meituan para o ramo de logística de entregas e R$ 3 bilhões da empresa estatal CGN para estabelecer um centro de geração limpa no Piauí.
Reforço dos vínculos bilaterais
Lula salientou que, apesar da separação territorial de mais de 15 mil quilômetros, Brasil e China jamais estiveram tão alinhados. O presidente brasileiro pontuou que a visita oficial fortalece o pacto conjunto com um intercâmbio justo e o reforço de alianças estratégicas.
O encontro de hoje representou a terceira audiência presencial entre Lula e Xi desde o retorno do brasileiro ao comando do país, em 2023. O dirigente chinês reiterou que as conexões diplomáticas entre os dois governos vêm se intensificando e que há um compromisso compartilhado em enfrentar os desafios internacionais, incentivando a harmonia global e o crescimento duradouro.
Posição contrária aos confrontos
Lula também aproveitou o pronunciamento ao lado de Xi para reforçar suas críticas às guerras na Ucrânia e na Faixa de Gaza, ressaltando que a superação dos embates bélicos é uma condição básica para o progresso mundial.
“Vencer a irracionalidade dos embates armados também é condição fundamental para o progresso. Os acordos mútuos entre Brasil e China para uma solução política para o impasse na Ucrânia oferecem base para um diálogo inclusivo que permita a restauração da paz na Europa”, declarou.
Lula viajou à China acompanhado de 11 titulares de ministérios, legisladores e cerca de 200 representantes empresariais brasileiros. A programação inclui a assinatura de novos tratados bilaterais e reuniões para ampliar a interação econômica entre os dois países.