A morte do soldado Wesley Soares ainda está repercutindo em todo o Brasil. O militar, que ele estava em meio a um aparente psiquiátrico, atirou diversas vezes para cima e contra outros policiais em uma ação que terminou com sua execução. A morte do militar se tornou agora alvo para uma disputa política entre a base bolsonarista e a oposição por conta das medidas restritivas para conter o coronavírus.
O soldado foi morto por agentes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) após 3h30 de negociações sem sucesso. Momentos antes de ser atingido, o soldado Wesley Soares disparou com um fuzil pelo menos dez vezes contra agentes que cercavam a área do Farol da Barra, em Salvador.
A Secretaria de Segurança Pública da Bahia emitiu um comunicado informando que “o soldado alternava momentos de lucidez com acessos de raiva, acompanhados de disparos. Além dos tiros de fuzil, o soldado arremessou grades, isopores e bicicletas, no mar”.
“Aproximadamente às 18h35, o soldado verbalizou que havia chegado o momento, fez uma contagem regressiva e iniciou os disparos contra as equipes do Bope”, completou a nota.
A presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, deputada Bia Kicis (PSL-DF), relacionou a morte do soldado a um ato de resistência a “ordens ilegais” do governador Rui Costa (PT) para o cumprimento de medidas de restrição e distanciamento social.
Essa narrativa de que o policial se rebelou contra as medidas de combate ao novo coronavírus impostas pela Bahia foi reforçada por outros parlamentares, como o vice-líder do governo, José Medeiros (Pode-MT). Ele chamou o PM de “herói nacional”.
O deputado publicou em uma rede social: “Quem imaginaria que um soldado da PM baiana iria dar o brado preso na garganta dos trabalhadores brasileiros e pagaria com a vida esse ato de coragem”.
Já insuflados pelas redes sociais e pelo discurso sem comprovação de que o PM se rebelou contra o governo baiano, policiais militares passaram a protestar contra o comando da instituição. A PM da Bahia diz que “todos os esforços foram feitos por um final pacífico durante um possível surto” do PM e que o fato será devidamente apurado.
“A Polícia Militar lamenta profundamente o episódio que ocorreu neste domingo (28), no Farol da Barra, quando todos os esforços foram feitos por um final pacífico durante um possível surto de um PM. O Batalhão de Operações Policiais Especiais adotou protocolos de segurança e o policial militar ferido foi socorrido imediatamente pelo SAMU. A corporação tomou conhecimento ainda de um vídeo do momento em que a imprensa acompanha o fato e é interpelada por um policial militar. A instituição ressalta o respeito à liberdade de expressão e ao trabalho dos jornalistas. O fato será devidamente apurado”, diz a nota.