De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é, atualmente, a sociedade mais ansiosa do mundo. Dados de 2019, também da OMS, já apontavam que o problema atingia mais de 18 milhões de pessoas no país. A ansiedade é uma sensação normal e eventualmente é sentida por todas as pessoas, o problema acontece quando essa sensação se torna constante e se torna uma doença.
Os transtornos diários causados pelo excesso de ansiedade não se restringem apenas ao mal estar emocional, pois, de acordo com o psicólogo André Barbosa, o transtorno de ansiedade pode levar a outras doenças. “Recentes descobertas e pesquisas associam o aparecimento de graves doenças como câncer, por exemplo, a transtornos emocionais como ansiedade, estresse crônico e instabilidade de humor”, explica.
Para que o cérebro mantenha o corpo em constante estado de alerta como ocorre na ansiedade, é produzido um hormônio chamado cortisol. O aumento do cortisol desregula o metabolismo e aumenta níveis de glicose em nosso sangue que, por sua vez, aumenta colesterol e está associado a diabetes tipo 2. O hormônio do estresse pode, ainda, criar o desejo por comidas de alto valor calórico como doces, carboidratos e gorduras. “Poderia criar uma lista grande de doenças relacionadas ao aumento de cortisol como depressão, osteoporose e a desregulação do sono, que por sua vez está associado a outros inúmeros desencadeadores de mais transtornos emocionais e com mais doenças fisiológicas, além de problemas de pele e alteração do ciclo menstrual”, afirma André Barbosa.
De acordo com o especialista, há ainda a possibilidade de passar tendências ansiosas de forma hereditária, fato que agrava o quadro de países com um grande número de pessoas ansiosas como o Brasil. “Foi, inclusive, observado que filhos de pais expostos a estresse ou trauma podem estar em maior risco de problemas físicos, comportamentais e cognitivos, bem como psicopatologia. Além disso, foram descobertos correlatos biológicos do estresse parental, em particular, às alterações neuroendócrinas, epigenéticas e neuroanatômicas”.