Entidades agrícolas do Rio Grande do Sul estão contestando os dados de área, produtividade e produção de arroz divulgados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Segundo essas entidades, os números apresentados pelo órgão federal são superestimados, o que, segundo elas, configura uma “nova rodada de desinformação”.
Divergências nos Dados
A principal base de contestação vem do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), que estima a área plantada em 928 mil hectares, um aumento de 3% em relação ao ano anterior. Em contrapartida, a Conab estima uma área plantada de 988 mil hectares, um crescimento de 9,7%. Esse aumento seria justificado pelos altos preços do arroz em 2024, que teriam incentivado os produtores a expandirem suas áreas de cultivo.
Críticas ao Impacto no Mercado
As federações agrícolas acreditam que a Conab está superestimando os números com o objetivo de influenciar os preços do cereal. A tentativa frustrada do governo de importar arroz no ano passado é citada como um exemplo de falhas na política de abastecimento.
Discrepâncias em Estimativas de Produção
Além das divergências de área plantada, as projeções de produtividade também variam. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) prevê uma produtividade de 8.318 kg por hectare, ligeiramente abaixo dos 8.356 kg por hectare da Conab. Especialistas, como Evandro Oliveira da Safras & Mercado, sugerem números preliminares mais conservadores, ao redor de 4 mil kg por hectare.
Impacto nas Estimativas de Produção Total
As estimativas de produção total no estado variam entre 7,8 milhões e 8,2 milhões de toneladas, com a Conab projetando o valor mais alto. Oliveira observa que as discrepâncias entre os estoques de arroz mantidos por produtores, empresas e cooperativas são complexas, com números “bastante fechados”.
Próximos Passos
O Irga planeja consolidar os dados sobre área plantada, produtividade e produção total até o final de janeiro de 2025, com informações detalhadas de todos os municípios produtores do estado. Enquanto isso, o debate sobre a verdadeira situação da safra de arroz no Rio Grande do Sul continua, alimentado pelas divergências nos números apresentados pelas diferentes instituições.