Usadas desde 1996, as urnas eletrônicas sempre foram alvos de debates e questionamentos a respeito de sua eficácia e segurança. Se por um lado o Tribunal Superior Eleitoral garante que o equipamento é totalmente inviolável, por outro há aqueles que reforçam o contrário.
Especialista em segurança de sistemas e atual professor na Universidade de Aarhus, na Dinamarca, Diego Aranha participou de auditorias públicas realizadas com as urnas eletrônicas no Brasil, e já demonstrou preocupação com os softwares utilizados na urna. Além disso, ele já participou de diversos vídeos na web defendendo a falta de segurança das urnas brasileiras.
Agora, em um vídeo que circula pelas redes sociais, Aranha está junto com a deputada Bia Kicis. Nele, ela apresenta o acadêmico e em seguida ele comenta sobre as falhas de segurança que encontrou na urna, além de mencionar que tal situação não é recente.
Seus trabalhos de Aranha com as urnas eletrônicas já vêm desde 2012, quando ele descobriu ser possível saber a ordem exata de votos depositados em uma urna, algo que, na comparação com os registros das seções, permitia quebrar o sigilo dos eleitores. Na época, o especialista também descobriu brechas na criptografia dos equipamentos, com a chave necessária para instalação do programa de votação estando descoberta e disponível em pleno código-fonte.
Por outro lado, o TSE ressalta que a urna eletrônica é completamente segura. Segundo a seção de desmentidos do site do TSE, a urna eletrônica foi projetada para ser um aparelho isolado, ou seja, “funcionar sem estar conectada a qualquer dispositivo de rede, seja por cabo, wi-fi ou bluetooth.
Outro meio adotado para garantir a transparência do processo é fato das urnas eletrônicas realizarem automaticamente a apuração e emitirem o boletim de urna, contabilizando o total de votos por partido, por candidato, em branco, total de comparecimento em voto e de nulos, identificação da seção e zona eleitoral, horário do encerramento da eleição, código interno da urna eletrônica e sequência de caracteres para validação deste relatório.
Além disso, o Tribunal reforça que este é um documento público, cuja cópia é afixada no local de votação para que qualquer pessoa possa conferi-lo. Ele também é entregue aos fiscais de partido e a quem mais tiver interesse e estiver presente no momento. Nos dias seguintes à eleição, esse mesmo relatório pode ser conferido na Internet.
O professor Diego Aranha recebeu em 2015 e 2016 os prêmios Google Latin America Research Awards para pesquisa em privacidade e Inovadores com Menos de 35 Anos Brasil da MIT Technology Review por seu trabalho com o voto eletrônico.